ESG: do marketing para a ação

O mundo dos negócios nunca foi muito afeito a questões relacionadas ao bem estar da sociedade em geral. Ainda que haja exceções e não queremos aqui cometer a injustiça da generalização, o discurso da sustentabilidade sempre teve um potencial para ser utilizado com objetivos de marketing na hora de fazer “as relações públicas”, enquanto que na prática, o que se sustenta são os meios como justificativa para os fins; a alta lucratividade dos negócios. A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável é a alternativa que pode fortalecer ou reverter esse quadro, a depender dos objetivos almejados.

Proposta em 2015 com uma meta ambiciosa, a sua importância ganha nova dimensão devido à atual crise sanitária. Na ocasião, os 193 Estados-membros da ONU se comprometeram a tomar medidas ousadas para promover o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. O plano inclui 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, para que todos os países as adotem de acordo com suas próprias prioridades. É um plano para governos, sociedade, empresas e academia. As diretrizes são genéricas, sendo importante ressaltar que a Agenda 2030 é um acordo multilateral não vinculante e sua implementação não é obrigatória.

Nessa mesma seara e tratada como um caminho sem volta por executivos de diversos setores, incluindo a mineração, a agenda ESG, que aborda as melhores práticas em questões relacionadas à governança corporativa, causas sociais e proteção ao meio ambiente, vem recebendo atenção especial e está alinhada com os ODS da Agenda 2030. Bancos, instituições financeiras e grandes fundos de investimentos tem sido os seus principais fomentadores, por oferecerem menores riscos e maior resiliência na geração de lucros de médio e longo prazo. 

Embora seja louvável o compromisso com questões socioambientais, fazer a transição do discurso para a prática ainda é uma tarefa hercúlea.  Por parte das empresas, o engajamento de executivos é indispensável para concretização desses objetivos. A forma que o mercado tem encontrado para colocar alguns objetivos em prática tem sido atrelar a remuneração variável dos executivos com as métricas ESG. Estímulos financeiros são muito bem vindos para incentivar mudança de comportamento, mas é importante ressaltar que a ética precisa ser a linha mestra a balizar as ações. O objetivo de reduzir as emissões de carbono pela indústria é uma das metas do ODS 13 (Ação contra a Mudança Global do Clima) da Agenda 2030 e a eficiência energética é um grande aliado no cumprimento desta meta. Certamente, a mineração já conta com bons executivos alinhados e dispostos a enfrentar os desafios da agenda ESG.

Um relatório encomendado pelo Weir Group plc (link abaixo) mostra que a cominuição, ou seja, os processos de moagem e britagem, é o maior usuário de energia nas minas e, normalmente, consome 25% do total da energia utilizada na mineração. Portanto, a cominuição é a primeira escolha quando se trata de identificar as oportunidades de economia de energia de maior impacto. Por exemplo, uma melhoria incremental de 5% na eficiência energética do processo de cominuição poderia resultar em uma redução de mais de 30 milhões de toneladas de CO2-e2 nas emissões de gases de efeito estufa. A substituição dos equipamentos tradicionais de trituração por novas tecnologias, também reduz as emissões indiretas na cadeia de valor da mineração, por exemplo, eliminando a necessidade de fabricação de bolas de aço, um processo de emissão intensiva.

OPEX DO TAMANHO DO CAPEX

Um moinho que processa 2000 t/h de minério (exemplo), consome, em média, 0,4 Kg de bolas por cada tonelada de minério processada.
Então, em um ano teremos:
Minério: 2000 * 24 * 365 * 0,92 = 16.118.400 t
Isso significa:
16.118.400 * 0,4 = 6.447.360 kg de bolas num ano de operação
A US$1,5/kg, o valor médio do mercado:
US$9.671.040 em custo de bolas a cada ano, praticamente o preço do moinho inteiro por ano.
* Existem operações de moagem que consomem mais de 1Kg de bolas por cada tonelada de minério moído.

Atualmente os minérios vêm se apresentando cada vez mais pobres e difíceis de beneficiar. Ao fazê-lo da forma convencional, consome-se mais energia, água, corpos moedores, reagentes, etc., pois trata-se cada vez mais ganga, o que gera maior quantidade de rejeitos finos. Também, eleva-se o CAPEX e OPEX.

A MOPE tem desenvolvido diversos estudos de otimização de operações de cominuição e, ainda, dado suporte de processos para a implementação de técnicas de Concentração Seletiva, tanto para novos projetos como para otimizar usinas em operação, principalmente no Chile e Brasil. Contem com o nosso apoio para otimizar suas operações de moagem. 

MOPENEWS

Concentração Seletiva – Entrevista In The Mine

“A estratégia de manter a capacidade de produção aumentando a capacidade de tratamento do minério de menor teor, usualmente adotada por mineradoras, advém da caracterização incorreta do minério, sem considerar indicadores globais (teor de cabeça, P80, BWi e outros) que possibilitem explorar sua eventual heterogeneidade. Em consequência, resultam problemas de ordem operacional, econômica e ambiental.” Alexis Yovanovic

Informe identifica oportunidades de reducción de emisiones de carbono en la minería global

Dichos metales son críticos para permitir una transición global a una infraestructura con menor cantidad de emisiones de carbono. Si no se toman medidas, el uso de energía en la minería continuará en ascenso en los próximos años dado que la demanda de metales como cobre, níquel y cinc sigue en crecimiento.

Neutralidade em carbono: uma abordagem fiduciária

Cada vez mais, as autoridades regulatórias financeiras obrigam a divulgação dos riscos climáticos, os bancos centrais realizam testes de estresse sobre os riscos climáticos, e as autoridades governamentais ao redor do mundo colaboram para alcançar as metas climáticas comuns. Até o momento, 127 países, responsáveis por mais de 60% das emissões globais, e mais de 1.100 empresas estão considerando ou implementando compromissos de neutralidade em carbono.

O que é ESG e como esse tema está ligado aos ODS?

Nos últimos anos, as empresas passaram a realizar esforços para adaptar seus planejamentos, estratégias e políticas. Dessa forma, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ser utilizados como um norte para identificar desafios, necessidades de mudança, vulnerabilidades e potenciais de cada organização.

Leituras dos ODS para um Brasil Sustentável

RABINOVICI, A.; BARROS-FREIRE, J. M. DE.; GOLDBERG, R.; NEIMAN, Z. Leituras dos ODS para um Brasil Sustentável. Diadema: V&V Editora, 2021. https://doi.org/10.47247/VV/AR/88471.17.3

Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável 

De certa maneira, o ODS 17 está baseado no conceito clássico de desenvolvimento sustentável, que deve conectar dimensões ambientais, sociais e econômicas. Essas três dimensões não “pairam no ar”, pois sua base é a governança, a conexão entre as forças da sociedade, do governo, do meio empresarial, e da universidade, que precisam se conectar para viabilizar esses objetivos. Então, para mim, o objetivo 17 – sobre as parcerias e os meios de implementação -, tem essa ambição de fazer as conexões para que a agenda ambiental, agenda social, agenda econômica, se desenvolvam de maneira consistente e viável.

ABDALA, Fabio. ODS 17 Parcerias e meios de implementação. In: RABINOVICI, A.; BARROS-FREIRE, J. M. DE.; GOLDBERG, R.; NEIMAN, Z. Leituras dos ODS para um Brasil Sustentável. Diadema: V&V Editora, 2021. https://doi.org/10.47247/VV/AR/88471.17.3.X p. X-X. . Acesso em: 30/05. 2021.

ESG começa a mexer nos bônus dos executivos

Uma pesquisa da Willis Towers Watson, com 168 empresas dos EUA, que somam 2,2 milhões de funcionários, aplicada em dezembro passado, indica que 65% delas estão planejando atrelar prioridades da agenda ESG à remuneração em 2021. Quatro de cada cinco empresas afirmam que o ESG é importante para a cultura organizacional e para aumentar os resultados financeiros. No Brasil, ainda não há uma predominância dessa adoção, mas o debate está quente, diz Felipe Rebelli, diretor regional de Talent & Rewards da consultoria para a América Latina. “Existe uma pressão explícita dos investidores que aplicam nos IPOs”.

“Muitas empresas usam ESG para fazer marketing”

A adoção do capitalismo de stakeholders e de práticas ESG vêm causando ao menos um efeito colateral no segmento corporativo. Trata-se daquilo que especialistas no assunto chamam de greenwashing. Acontece quando uma empresa se apropria de temáticas socioambientais apenas para promover pautas positivas e fazer marketing. 

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