Pacto entre Cavalheirosㅤㅤㅤㅤㅤ

Quando há dinheiro, notoriedade ou poder por trás dos responsáveis de um malfeito, de uma tragédia, acidente ou até mesmo de um crime, a sequência comum de ações segue um roteiro que parece muito com um pacto entre cavalheiros, que considera: identificação da fonte pagadora, levantamento de danos, negociação e compensação. O mundo jurídico, político, parte da imprensa, poder económico e alguns bons advogados conseguem identificar as “potencialidades latentes” derivadas de um crime, falência, acidente ou evento trágico e, mediante ação articulada, às vezes confundindo a opinião pública (por exemplo: “é melhor manter o emprego do que reclamar pelo desastre”), conseguem fazer do limão uma limonada, convertendo um “passivo” qualquer em um elemento gerador de riqueza para alguns poucos.
 
A Samarco é uma empresa jovem inteligente e produtiva, filha de um casal de poderosas mineradoras globais. Aconteceu uma grande tragedia ambiental em 2015 e um pacto entre cavalheiros colocou a culpa na “filha” e a responsabilidade nos seus pais, considerando que esta jovem ainda não estava “emancipada”, de modo que foram os seus pais que colocaram a Samarco para trabalhar e cumprir compromissos perante credores e atingidos, embora anotando na conta – para posterior devolução – todos os valores alocados naquelas ações.
 
A Samarco parece ter despertado o “apetite” dos credores, ao reorganizar as suas operações de forma competente, estabelecendo um ritmo de produção que atenderia ao longo do tempo, a compensação dos danos. Ocorre hoje, que um pequeno grupo de credores sediados nos EUA (alguns chamam de “abutres”), pressionam para forçar um novo acordo de “gentlemen” que consideraria a emancipação da Samarco dos seus pais, começando a trabalhar diretamente pare eles, acelerando o ritmo de produção.
 
Se a tragedia houvesse ocorrido em uma pequena empresa, ineficiente, sem caixa e de família pobre, já teria sido dado o prejuízo como perdido e os responsáveis simplesmente condenados. A competência técnica, a seriedade e o potencial da Samarco trabalharam, paradoxalmente, contra seus próprios interesses e será, aparentemente, “depenada” e obrigada a trabalhar quase que em regime de “escravidão”, apenas para pagar credores, justamente por conta da sua demonstrada competência e capacidade de recuperação.
 
Enquanto isso, as grandes causas deste desastre não têm sido enfrentadas: a queda dos teores e o excesso de ganga trazida no ROM, que depois de gastar muito no seu inútil beneficiamento acabam indo para as barragens. Convidamos a comunidade da mineração para refletir sobre estes fatos e promover a sua discussão. As boas soluções de engenharia parecem não combinar com os objetivos financeiros das grandes corporações, que lucram mesmo com menor produtividade e que investem fortunas em equipamentos, insumos e serviços, apenas para tratar cada vez mais ganga.

MOPENEWS


Plano de recuperação Judicial da Samarco

Fonte: Samarco

Samarco e credores debatem novos planos para potencial reestruturação

Fonte: CNN Brasil

O que vai acontecer com as operações da Samarco após o fracasso das negociações da dívida?

Fonte: Bnamericas

Fundos abutres atuam na Samarco

Fonte: Diário do Comércio

‘A Samarco tem sido extremamente flexível’

Fonte: Estado de Minas

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